Um texto que me chegou ás mãos...
Particularmente custou-me interpretá-lo, mas interpretação feita cá está ele "publicado" !
O nome do autor fica para quando o mesmo perceber que afinal até gosta de "brincar" aos blogs e se decida a criar o próprio...imaginação não me parece que lhe falte!
Aviso: Esta abertura a textos alheios por aqui coincide com a tentativa de fechar um ciclo por...ali...
Não vai durar, "falem" agora ou calem-se para sempre:)
"Lembro-me do choque da revelação: não era tão fantástico e clarividente quanto sempre tinha achado! Foi como se alguém tivesse travado a Terra a fundo e a inércia dos 1.700km por hora tivesse destruído o Mundo tal como o conhecia, como se subitamente tivéssemos deixado de rodar e todas as coisas que existem se soltassem em detritos, em ondas que pareciam querer-me afogar em sua violência.
Afinal sou uma pessoa como todas as outras. O que mais me chateia é que sou mesmo como as outras: nem melhor, nem pior, mas mesmo assim-assim…estou a cair na complacência de quem já viveu bastante mas ainda lhe falta umas quantas de crises para ultrapassar. Que fique para a história que ainda me falta, por exemplo, a crise dos quarenta…
Imersas então ficavam todas as certezas que, aparentemente só eu, tinha. Senti-me como aquele tipo do spot do capuccino em que a miúda lambe os lábios para o sujeito que, não fosse ela puxá-lo das nuvens com um guardanapo, teria tido sonhos húmidos fora de prazo. E eu que achava que disfarçava as entradas ficando de perfil…os meus avós, já partidos, o meu bom amigo H. já desaparecido, aquelas pessoas que me pareceram a meio caminho com estando a meia vida a metade da tabela, que me falavam com a razoabilidade de quem já passou pelo dobro das minhas vivências de repente fizeram sentido.
Não me resta mais que aceitar que não sou tão especial. Nem para as pessoas que são especiais para mim. Faz parte da vida, esta “despecialização”, esta passagem do anti poder para o poder instituído, de jovem para velho, de anarquista para conservador…se quiserem, de Cunhal para Cavaco…
Para acabar, lembrei-me de um programa de rádio, de quando para o ouvir ficava acordado até às 3 da manhã ou acordava domingo quase de madrugada: O Pão com Manteiga. Nesse programa, depois de um pequeno texto havia uma música relacionada. Deixo-vos uma sugestão para ouvirem depois do meu texto: afinal era a mim que a Carly se referia…
Agora vou meter-me no meu carro de alta cilindrada e vou aconselhar empregados, amigos e familiares sobre qual o caminho a seguir para resolverem seus problemas: é para isso que uns me pagam e outros me abordam.
Até sempre."
“you’re so vain”, Carly Simon, 1973
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