Foste daqui e contigo sumiu do meu olhar um brilho cintilante!
Perco-me agora numa visão desabitada, numa sensação imensa de solidão, numa procura desesperada duma razão…
Escorregaste-me por entre os dedos que estavam sempre embebidos duma sofreguidão insaciável.
Tacteio hoje um corpo invisível, esbracejo incansável em busca do teu abraço quente…
Ensurdeci no dia em que desapareceu a melodia da tua voz!
Porque a ninguém depois de ti será permitido cantar-me, adoçar-me os sentidos agora perdidos numa maldita surdez…
Extorquiste me uma sensibilidade perfumada no dia que partiste!
Resta-me a saudade dos dias que te consumia com o cheiro, a dor que é ter que recolher odores espalhados…
Nesta ausência mais que assumida, o tempo as vezes contraria a necessidade que tenho de recordar, ou porque corre velozmente atropelando alguns flashs momentâneos ou porque pára obstinado numa memória dolorosa impedindo um suspiro ansiado!
E estou farta…de lidar com um amor estranho de tão sozinho, de sofrer por alguém que egoisticamente foi impedido pelo destino de me dar a mão para sempre!