Acordei hoje contigo embrenhado em mim mais do que nunca!
Durante a noite despertei varias vezes com as tuas mãos macias a tocarem-me duma forma muito pouco pacífica. Não sosseguei, não é habitual em ti procurares-me tão inquieto. Antes do despertador tocar já estava completamente esperta. No ar o teu cheiro estava presente como jamais esteve, forte, intenso, soprado pelo quarto inteiro, assustadoramente real!
Levantei-me nervosa. Caminhei devagar ao mesmo tempo que me questionava sobre o que se passaria e não evitei um estremecer involuntário. Estarreci a meio do meu percurso com a convicção que eram os teus olhos que me observavam as costas, era o teu murmúrio que me soprava o ouvido, o teu lamento que me usurpava a sanidade!
Abanei a cabeça atormentada e fiz menção de te sacudir mas fui travada por ti, sem ti…!
Os teus passos dominavam o cenário, a tua respiração a minha alma!
Posicionaste-te à minha frente e senti que não aguentava aquele confronto, tantas as vezes que ansiei rever-te, tantas as noites que chamei por ti, tantos os sonhos que recusei por ti…
Amparaste-me a sensação de desmaio e contemplaste-me incisivamente, o teu olhar jorrava dúvidas e preocupações, amor e saudade, desejo e fatalidade!
Desde que foste foi a primeira vez que não te chorei, que não chorei!
Acenei consentindo-te uma paz imprescindível, abdiquei de te usufruir em prol da tua conciliação eterna!
Sorri-te abandonando-me ao cansaço, omiti uma devoção para todo o sempre na esperança que exorcizasses o peso das tuas incertezas!
E aos poucos o aroma desvaneceu-se, o meu corpo desamparou-se, a solidão instalou-se…de novo!!