Sentei-me e fechei os olhos em repouso brando. Pretendia “chamar-te” para o meu colo e perguntar-te por onde tens andado, o que tens feito, com quem tens partilhado os teus dias, com quem tens sonhado nas tuas noites!
“Chegaste” de mansinho…surpreendeste-me com um olhar esperançoso, expandiste o ar que respiro, adocicaste os meus beijos, amainaste a minha inquietação, alentaste o meu futuro que passou a ser o nosso para sempre! Nesse instante calei as perguntas, absorvi as sensações que me estavas a transmitir e consumi com ânsia a ilusão mais verídica que existe: Sim, ficamos juntos sem sombra de dúvida!
Ainda sentada senti a tua festa suave no meu rosto e tombei a cabeça para a encostar no meu ombro…era a forma silenciosa que tinha de te pedir para não te desvaneceres da minha memória, a única maneira de combater o embargo da minha voz e fazer-te sentir que tenho pavor de viver sem as lembranças bem profundas que acumulei para delas me poder “alimentar”.
Interpretaste na perfeição aquele gesto, sempre traduziste os meus gestos sem enganos…Respondeste com dois beijos nos meus olhos que permaneciam fechados e também eu entendi a quietude que me estavas a querer passar, a certeza que me estavas a dar de que jamais voaria da minha alma o que nela entranhaste para sempre.
Abri as pálpebras e já não estavas ali…fiquei a ver-te afastares-te da mesma forma que chegaste, mansamente e sereno!
Ainda lá estou sentada, já não preciso de fechar os olhos para te ver voltar!