Segunda-feira, 23 de Janeiro de 2006

Desafio / principio do prazer

Desafiei alguem que esporádicamente comenta aqui a escrever um texto.
Não convidei um amigo como está descrito nas configurações porque não é bem um convite nem bem um amigo:).
Sei que para ele não é fácil escrever de forma simples e básica, mas li a primeira parte do "testamento" que ele redigiu e gostei muito.
A ideia é essencialmente eu ficar a perceber como funciona a coisa, confesso que é um tema que me dá à partida uma preguiça mental das grandes e parece-me que ele arranjou forma de me prender a atenção( pelo menos a avaliar pelo..inicio).
Espero que gostem...mas senão gostarem também não é algo que me tire o sono:)

O tema: O principio do prazer
Por Miguel Ribeiro antunes:)))))


1


Corria o ano de 1670. Imerso na Africa Profunda, Sir Michael Waterstrem, afamado explorador e aventureiro, amigo pessoal de Sua Majestade, Cavaleiro do Reino e Founding Fellow da Royal Society está a ser devorado pelos mosquitos. Não fosse a fleuma e teimosia britânica de Sir Waterstream , por essa altura teria certamente desistido de sua demanda. No entanto, cada vez que se lembrava de sua doce Rajiva, de pele cor de mel, olhos negros de intensidade, que se incandesciam com o insuspeito fogo que ele havia descoberto em seu ventre, de sua casa em pleno centro de Londres e a imensa vontade que tais pensamentos lhe originavam de retroceder e desistir de tão insana e pouco sustentada ventura, era simultaneamente assaltado pelo frémito que a descoberta daquele pergaminho num velho alfarrabista lhe havia causado. Não se tratava de algo tão esotérico quanto a Pedra Filosofal, algo tão maquinado pela Igreja da Fé quanto o Santo Graal ou tão Espanhol quanto a Fonte da Eterna Juventude ou o Eldorado…o mapa relatava, em tinta feita de algas e sangue, a existência de um cogumelo, raro e misterioso, idolatrado e escondido por uma tribo mítica que tinha a propriedade – química e de certeza empiricamente demonstrável – de causar a quem o tomasse, quer na forma original ou moído em pasta, intenso e imediato prazer. Não estaríamos a falar de algo parecido como Mescal que algumas tribos do Novo Mundo usam, segundo relatos dos primeiros pioneiros do Oeste, nem das folhas de coca que permitem os Índios encontrados por Cortez respirar nas altas mesas Andinas, nem ainda das nozes de Betele que os malaios mascam antes de se lançarem em rituais pagãos que o exercito de Sua Majestade se encarregava de destruir. Sir Michael sabia que essa indução de prazer era alucinatória, efémera e potencialmente destrutiva, pois tinha vivido na Índia e visto a degradação dos pobres diabos que frequentavam as casas de ópio. O que estava em questão era incomensuravelmente mais importante, e Sir Michael sabia-lo. Agora, a poucos minutos de caminhada até chegar ao local provável da aldeia dos Divudivu, sentia as palmas das mãos suadas, o seu ritmo cardíaco a acelerar, todo o seu corpo a doer de expectativa: era a fama que o aguardava por trás da parede verde que firmemente decepava à catanada.


Inventado por alexiaa às 19:11
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De Anónimo a 24 de Janeiro de 2006 às 01:06
Ora bem... Sempre gostei de ler canhenhos, mas em fascículos ilustrados! Africa Mãe Africa... E a catana que não castra a liberdade de expressão! Bom texto... maçudo mas... bom texto! Vou continuar a ler "O Medo" de Al Berto, deu-me uma saudade louca de ler Lisboa... e o cheiro a mar! Beijo grandepenumbra
(http://terceiro-esquerdo@blogspot.com)
(mailto:napenumbra@hotmail.com)


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