Lá ao longe soam os sinos da aldeia.
Estou tranquila porque estamos nas tarefas habituais, agitada porque ainda não cruzamos o olhar, completa porque andas atrás de mim a “remendar” o que destruo, amuada porque faltou tempo para aquela paragem dos teus lábios no meu pescoço.
Mais perto os sinos dobram.
Penso que está perfeito, que tudo encaixa nesta nossa vida, que um dia desmancho a arvore de natal antes de Março, que finalmente instalamos a banheira dos nossos delírios e que mesmo na pressa das horas que se aproximam haverá sempre tempo para que nos acusem de cumplicidade excessiva!
Dentro do meu ouvido os sinos já não intervalam.
-Estou pronta, digo impaciente com um compasso teu que ainda não aconteceu mas que sei ser inevitável!
-Estas?, ironizas tu prevendo um esquecimento de ultima hora que não despoleta um arrufo graças ao teu compasso!
-Estas bonita!
-Pois sim!
O sino ecoa desenfreadamente.
Conversamos o caminho todo, as vezes repetes uma historia e eu finjo me surpresa, outras vezes debito palavras a uma velocidade atordoadora e sorris disfarçando o quanto me achas irracional.
Aumento o volume daquela musica que não te diz nada e que eu amo de paixão.
Metes-me a mão no meio das pernas para que pare de cantarolar.
Respiro em paz, sinto-te meu.
Aqueço-te a mão, fervilham-me os sentidos!
Trimmmm, o sino é a campainha e levanto-me estremunhada e revoltada!
Nem dou bom dia, quero voltar para aquela aldeia e usufruir do resto do sonho que começava a aquecer!
Em segundos estou lá outra vez. Sinto-te de novo a mão no meio das pernas, o compasso típico, o estagnar das horas, a determinação que estamos desajustadamente certos um para o outro.
Aviso-te do perigo precoce, puxas-me o cabelo ferozmente e manso, consentes que seja simultâneo e entranhas no meu domingo, na minha cama!
Roubas-me as quimeras amor…gracias!