Procuro soltar-me…
Era noite, caminhávamos sem rumo marcado e sem horas para voltar.
O teu braço por cima dos meus ombros davam-me um conforto ilusório, teimei sempre em não sentir aquela “friagem” que me incomodava esporadicamente.
Naquela altura achei que era da brisa nocturna e involuntariamente enrosquei-me mais ainda a ti.
Parecias sereno quando me recebeste, imaginei que aquele passeio seria um de muitos que teríamos pela frente, sonhei no calor daquele percorrer que seríamos a existência um do outro para sempre, sacudi docemente o calafrio que não me largava e…limitei-me a sorver lentamente aquela jornada sem destino.
Não me recordo qual de nós avistou o banco, não sei se te segui ou se ambos quisemos parar. Firmemente sentaste-me e baixaste-te à minha frente pegando gentilmente nas minhas mãos que gelaram no momento em que encontrei o teu olhar…
Tinhas espelhado uma agonia que me perturbou, dividi-me entre o medo e a necessidade extrema de te ajudar, vacilei entre abraçar-te avidamente até te arrancar a dor ou desesperar alucinadamente e fugir daquela noite, esfumar-me daquela derradeira escuridão!
Calaste os porquês, passaste-me os lábios pelos dedos e choramos juntos.
Fui até ti e dei-te o tal abraço voraz…é dele que me procuro desprender hoje, é daquela ultima noite onde ainda estou pendente que procuro…soltar-me!
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