Alice estava num beco sem saída. Por um lado ele era o amor da sua vida, o homem que a fazia perder a lucidez com ataques súbitos de paixão, mas por outro lado este amor estava a “queimar” o brilho que outrora emanava, a inocência de rir sem culpas, a alegria de viver sem a alma lacerada!
Quando se conheceram Alice era uma menina e ele apenas a fez mulher uns escassos meses impelindo-a forçosamente para um estado de velhice precoce que a prostrava agora numa letargia decadente sem força para acreditar que ainda podia vir a encantar-se e ficar encantada!
Lembro-me dos seus relatos. Chegava ao pé de mim com um rosto constantemente ruborizado, com os olhos transparentes do brilho que nascia do espírito entusiasmado e crescente! Debitava atabalhoadamente as conversas que tinham, e acreditava piamente que aqueles dias intensos de promessas eram o inicio duma cumplicidade eterna e única, garantindo-me inflamada numa cegueira enternecedora que nunca mais se sentiria amedrontada com a sensação de estar só rodeada de gente e barulho e convencia-me com um gargalhar musicado que ele ia achar-lhe graça para sempre.
Ás vezes notava-lhe uma preocupação que tentava disfarçar. Perguntei-me muitas vezes o que a fazia ficar sombria de repente e nas alturas mais flagrantes cheguei a confrontá-la directamente. Nessas alturas Alice desanuviava a contracção da testa e num sorriso mesclado de complacência limitava-se a encolher os ombros de forma a eu me sentir ignorante por não entender as flagrantes angústias dum amor tão profundo e absoluto.
Ai Alice…Conta-nos por onde anda agora o teu amor?!